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Sala de Aula Invertida

Escrito porTiago Cunha
Tiago Cunha é um coordenador pedagógico, Google Innovator, Google Trainer e especialista em integração tecnológica.

19 de setembro de 2016

Sala de Aula Invertida

Nos últimos anos a aula tradicional tem dado espaço a uma estratégia de ensino mais dinâmica e potencialmente mais transformadora: a Sala de Aula Invertida. Essa estratégia pedagógica é uma inversão do método comum onde o aluno passa por uma aula expositiva e realiza atividades sobre o assunto tratado. Na sala de aula invertida a exposição ao conteúdo acontece em casa, com isso o tempo na sala de aula é dedicado com projetos colaborativos, esclarecimento de dúvidas e a interação mais profunda com o material.

Mesmo sabendo que a sala de aula invertida é uma estratégia relativamente nova, muitos especialistas acreditam que essa é uma das melhores maneiras de ensinar os alunos. Algumas universidades renomadas pelo mundo já adotaram o processo e estão realizando vários estudos e implantando programas-piloto, obtendo resultados promissores. Um desses programas acontece na Universidade Villanova, onde esse modelo de instrução já resultou em um ganho considerável para a maioria dos alunos. O que é mais interessante é que os alunos mais fracos são os que obtiveram o maior crescimento, especialmente se comparados com os resultados de alunos de salas de aula tradicionais, nestes casos as notas são até 10% mais altas.

A sala de aula invertida funciona?

Os resultados obtidos pela Universidade Villanova também aparecem em outras universidades e com isso o movimento vem ganhando força. Algumas associações como a Flipped Learning Network já organiza conferências anuais sobre o assunto há 9 anos.

Mas o que faz dessa estratégia algo tão inovador a ponto de se organizar uma conferência anual? Para responder a essa pergunta vamos pesquisar a Bloom’s Taxonomy criada pelo pesquisador e educador Benjamin Bloom.

A taxonomia de Bloom classifica os tipos de aprendizagem em três modelos hierárquicos . Em seu modelo hierárquico para a aprendizagem cognitiva (processo da aquisição do conhecimento), ele classifica a aprendizagem passiva como a leitura e compreensão com um baixo nível de trabalho cognitivo, enquanto que a aprendizagem mais trabalhada, como a aplicação em projetos e sínteses, requerem um alto nível de trabalho cognitivo. O modelo de sala de aula invertida tem uma abordagem mais intuitiva para a taxonomia de Bloom, o aluno realiza a atividade de baixo nível cognitivo em casa, com isso a sala de aula se torna um ambiente mais desafiador, com projetos e atividades de níveis cognitivos mais altos.

As vantagens da sala de aula invertida

A grande vantagem deste método é que os alunos passam a maior parte do tempo tentando resolver problemas, perguntas ou trabalhando de maneira colaborativa em grupos de trabalho. O professor pode então adotar uma postura mais mediadora, auxiliando na resolução de questões mais complexas. Muitos educadores relatam que os alunos se sentem mais ajudados por eles, e suas dúvidas são resolvidas na sala de aula, o que torna o aprendizado mais significativo. Compare isso com o método tradicional, o aluno recebe uma aula expositiva e vai para casa com as dúvidas que muitas vezes só serão respondidas na próxima aula ou em plantões de dúvidas.

Outras vantagens incluem:

  • Os alunos aprendem ao seu próprio ritmo. Por exemplo: se o processo de indução ao conteúdo for um vídeo, o aluno poderá assisti-lo quantas vezes achar necessário, além de ter a oportunidade de pausá-lo sempre que for preciso.
  • O professor consegue diferenciar melhor entre os diferentes níveis de conhecimento na sala de aula.
  • O trabalho na escola se torna mais colaborativo, já que os alunos se ajudam e aprendem uns com os outros.
  • Sabe aquele aluno que sempre reclama que trabalhou mais durante uma atividade em grupo? Agora esse trabalho é mediado pelo professor, dentro da escola.

Desafios que podem ser superados

Os professores precisam se dedicar mais na preparação de suas aulas, gravando vídeos, ou pesquisando por conteúdos disponíveis na internet para utilização dos alunos, porém, com o passar do tempo essa prática se torna mais fácil e dinâmica. Outro fator importante é que como o professor auxilia mais os alunos na sala de aula, a quantidade de trabalhos para correção em casa diminui, dando ao professor mais tempo para preparar suas aulas.

As escolas que atendem alunos com menor poder aquisitivo podem ter problemas se as atividades exigirem muito o uso da tecnologia. Porém, o acesso à tecnologia, em especial aos smartphones, tem melhorado a interação do aluno com conteúdos de mídia e plataformas de aprendizagem. Existem também plataformas e aplicativos educacionais que funcionam muito bem em dispositivos móveis, como o Google Classroom, o Moodle e o Edmodo.

Apesar de alguns desafios, o modelo de sala de aula invertida cresce em popularidade. Muitos professores já puderam presenciar em primeira mão, o poder transformador dessa prática pedagógica, com isso suas aulas se tornaram mais criativas e colaborativas. Aos educadores que se sentem frustrados com o modelo de aula tradicional, pode valer muito a pena experimentar a sala de aula invertida.

 

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